29/12/2002

AINDA, UM TEXTO PARADO NO WORD

Rascunho

Agora eu tenho que escrever... Tem uma folha branca na minha frente, e tenho que entrega-la logo. O que será que você quer ler aqui? O que será que quer ler de mim? Tenho tanto a escrever, tenho nada a escrever.
Se eu ao menos soubesse o que você procura. Se tivesse uma outra folha. Mas tem só essa, tem só uma vida, uma vez, uma chance.
Tenho mesmo que usar um rascunho...Talvez eu perca tempo, na verdade perco tempo, mas poupo minha dignidade, pouca, poupo jogar fora o seu presente, sua folha, cheia de mim. Cheia mesmo? De quem?
Verbalizar o que é tão abstrato, te presentear com frases de mim. Quero que você leia, entenda, goste. Sem o rascunho poderia talvez até ser mais original, mas tão desorganizado, tão perdido como sempre. Não posso ser sempre assim, sem linhas, sem sintaxe, só uma base gramatical. Eu talvez entenda, mas e você, que tem que me ler, que não sente o que eu sinto, que não vive o que eu vivo, que não está dentro de mim? Mas que talvez gostaria...
Como posso me resumir em algumas linhas sem cortar informações importantes sobre mim? Não sei o que você sabe, o leitor não é tão ignorante, mas também não posso passar por cima de coisas tão intimas como se fossem informações públicas. Uma folha em branco é sempre tão íntima!
E enquanto o tempo passa a folha continua branca, a história continua a esperar seu início, você ainda está esperando meu texto, e eu ainda estou esperando me encontrar.

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