05/02/2005

POST DESESPERADO DE SAO PAULO: MAIS UM

Estou escorregando fora do pais. Estou sendo puxado por um vortice de conjecturas, e nao quero me deixar levar. Estou lutando psiquica e fisicamente contra tudo isso: queria poder, ou queria querer, ficar.
Meu corpo reage a isso com sono, mal estar, dor nas costas, rouquidao, cefaleia. Minha mente com tristeza, tedio, saudade, sono.
Luto pra deixar minha marca, pra ficar no Brasil o maximo que posso. Pra que essa LONGA espera em Sao Paulo nao seja so uma espera, um "passar", mas um "deixar pegadas": ligacoes, posts, vontades, suspiros. Quero que essas ultimas horas de Brasil sejam cheias de mim, de sentimentos, de vontades. Que nao sejam apenas espera. Porque estou vivo, e quero ficar; mas quero ir!
Queria telefonar com todo mundo, continuar falando com todo mundo, saber como estao todos. Ouvir a voz de cada um, que sei que ficarei meses sem ouvir, ate o ultimo momento, decolando. Queria esse contato ininterruptamente: pelo pc, pelo telefone, por onde fosse. Quero abracar voces todos, e beijar voces todos, e sair com voces hoje a noite, e fala com voces compulsivamente.
Nao quero encerrar esse post, porque enquanto escrevo ainda estou com voces. Quando paro, ja parti. Nao quero partir, nao quero interromper o convivio, a amizade, a beleza de tudo o que fizemos. Nao quero parar de escrever porque se nao choro, porque e como se eu desistisse antes, deixasse me consumir pela distancia que quero vencer antes mesmo que ela, maudosa, tenha vencido.
Nao quero parar...escrevo compulsivamente porque amo voces compulsivamente: amo todos os defeitos, qualidades, peculiaridades, exclusividades de cada um. E sei que sou amado mesmo sendo assim tao complicado.
Compulsivamente porque nao quero ser corroido pela saudade do Brasil estando ainda no Brasil. Minha ideias estao sendo ofuscadas pelo choro reprimido e pelo desespero: esse vortice esta me vencendo, e nao quero parar de digitar, nao quero parar de tentar falar o que sinto, nao consigo pensar em nao estar ai hoje, amanha, depois, e depois...
...o que mais eu escrevo quando escrever nao basta mas e o unico recurso que me da minimamente alivio? Quero um abraco de cada um como os de ontem, de anteontem, das baladas.
Fico aqui escrevendo pra evitar pensar nas pessoas com quem nao vou estar, com quem nao vou sair, de quem so vou lembrar. Evitar pensar em tudo o que terei que fazer sozinho, todas as dificuldades que terei que enfrentar so, e principalmente toda a alegria que ficara so, isolada e incomunicavel - por isso incompleta - dentro de mim. Evitar pensar nos fardos que eu poderia estar ajudando a carregar, e nas emocoes e alegrias que nao estou vivendo porque a distancia, a solidao, o "sistema", "as coisas como estao", nao me permitirao viver.
Provavelmente esse texto e cheio de erros. Provavelmente eu sou cheio de erros. Mas nao quero parar...quero viver com quem eu amo sem parar pra pensar no que estou vivendo. Porque a historia conta pouco se os personagens nao interagem o suficiente para tecer uma trama atraente, realizadora, auto suficiente...
O Rafha entrou. Pode ser a ultima vez que encontro um brasileiro on line antes de cair do lado de fora desse sonho. Eu quero falar com ele. Com todo mundo...nao quero parar...nao quero interromper...nao quero sacrificar nada...
Falo, e falo, e falo, nao paro, nao quero, nao posso. Nao quero interromper a conexao...
...
...nao quero...
...nao quero...
...tic...tac...
Nao consigo evitar...
...
...
...
- Deseja reconectar?
- Como?
...
...
...

:_(



Nenhum comentário: